O Até logo da Dona Celeste

O Até logo da Dona Celeste. Éramos um grupo de estudantes de jornalismo que estavam se formando e decidiram lançar um Jornal no Bairro do Cambuci. Foram mais de 6 meses de reuniões até produzirmos a 1º edição.
Essas reuniões eram feitas na casa da minha mãe, Celeste de Jesus Baptista Casseb, conhecida como Dona Celeste, sempre acompanhada de um lanche, um suco e palavras de incentivo.
Ela já estava acostumada a receber os meus amigos e das minhas irmãs desde a infância. Nossa casa sempre estava cheia. Recepcionar a “Turma da Faculdade do Roberto”, como ela dizia, era motivo de orgulho.
Desde novembro de 1981 ela esteve presente nos principais momentos da história do Jornal. Nos Shows no Parque da Aclimação, nos eventos culturais e esportivos, nas 21 Pedaladas, em dezenas de atividades que promovemos no Balneário do Cambuci, nas minhas campanhas como candidato a deputado estadual em 2002 e vereador em 2004, 2008 e 2012 pelo PT. Participou de todas as Plenárias e era uma grande admiradora da ex-prefeita Luiza Erundina.
Paralelamente a esse interminável apoio, era uma artista de mão cheia. Produziu dezenas de obras. Paisagens, casarios, flores, eram suas pinturas prediletas. Seu Atelier ao lado da sede do Jornal era ponto de encontro de amigos e admiradores das artes.
Além de tudo isso, era uma cozinheira espetacular. Filha de pai português e mãe espanhola, aprendeu os segredos da culinária árabe com a sogra que era nascida na Síria. Sua esfiha, o kibe assado, kibe frito, kibe cru e todas as outras maravilhas da culinária árabe, eram incomparáveis.
Fizemos muitas viagens juntos para o sul e nordeste. Apesar da pele muito branca tinha predileção em estar na praia. Fomos diversas vezes para São Vicente, Praia Grande e Bertioga.
Quando tive que colocar próteses nos dois lados do quadril ela ficou ao meu lado nas 3 cirurgias. Era mãe, amiga, enfermeira e conselheira.

Legado de Dona Celeste
Ajudou a criar meus 4 filhos e sobrinhos. Era uma mãezona daquelas que nunca reclamou de estar cansada. Tinha energia para qualquer tarefa. Sempre auxiliou amigos e parentes.
Há 4 anos decidiu se aposentar. Queria ficar mais em casa. Nos últimos 2 anos veio morar comigo. Adorava meus 2 gatos e a cachorra. De vez em quando me ensinava uma receita. Algumas ficaram boas, como o cural, outras nem tanto. Uma coisa de mão que eu não tenho.
Conversávamos bastante e ela lembrava dos momentos de sua infância, dos irmãos, do pai e da mãe que faleceu quando tinha 5 anos. Contou em detalhes a história do seu avô que era Capitão do Exército português e que morreu em batalha na 1ª Guerra Mundial, depois de colocar toda família num navio e embarcá-los para o Brasil.
Minha bisavó veio morar no bairro da Vila Maria em São Paulo. Foi lá que minha mãe e seus irmãos nasceram. Foi uma vida de luta e trabalho honesto que serviu de exemplo para os filhos. Tenho o maior orgulho de ser filho da Dona Celeste.
Deixou 4 filhos, eu , a Sandra, a Tania e o Ronaldo, 7 netos e 3 bisnetos. Faremos uma Missa de Sétimo Dia na Igreja Santa Margarida Maria (Av. Lins de Vasconcelos, 2129) no domingo dia 20 às 18h30.
Roberto Casseb
Meus sentimentos, comprei muitas telas com ela e ela me ensinou varios truques para a pintura !! Uma pessoa adoravel !!!😢🙏